BIFURCAÇÃO



Estou em uma determinada estrada e, de repente, há uma bifurcação à minha frente. Eu paro e observo. Procuro placas indicativas. Não há. Forço os olhos, procuro qualquer outro sinal que me diga qual caminho seguir. Nada. “Intuição”, penso eu. “Vou ter que seguir minha intuição”. Mas lembro que nasci sem esta qualidade. Não sou nada intuitivo. “Vou perguntar pro coração. Ele sempre sabe”. Um caminho é lindo. Florido, divertido, ensolarado. É um caminho que, apesar de visualmente interessante, é longo e não parece ter um fim. Provavelmente não me levará à lugar nenhum, mas será, pelo menos, divertido enquanto por ali eu andar. Muitas pessoas que passam por mim escolhem este lado da estrada e seguem cantando animadamente. O outro caminho não é nada atrativo. Alguma coisa me diz que já o conheço, apesar de não exatamente com estas características. Não é assim tão divertido. Nem florido. Olhando bem, parece até meio nublado. Logo de cara, não me apetece andar por ali. E isso parece não ser só uma impressão minha já que, enquanto estou sentado em frente à bifurcação, refletindo, poucos optam por ele. Mas os que chegam ali, andam com tanta certeza e parecem tão determinados que algo me diz que neste lado da estrada, um final muito interessante espera por eles. “O que eu faço?”. Cá estou, no chão, pensando e olhando para os dois caminhos. Não que eu tenha uma hora estipulada pelo relógio para me definir. Não que eu tenha pressa. Menos ainda certeza de que ação tomar. Mas enquanto não me decido, fico parado no tempo e no espaço. E isso não é característica minha. Ficar parado. Talvez seja esta a lição? Parar e refletir? Sempre fui tão impulsivo. Parar e refletir é novidade para mim. Mas talvez seja, enfim, esta a hora de aprender. E, enquanto pergunto ao meu coração, que finge ser surdo e nada responde, fico imóvel, em frente à bifurcação. Luto conta meus impulsos para não sair andando por qualquer caminho, definido num “uni – duni – tê”. Quero ter a certeza da escolha correta. Da estrada perfeita. Do quanto meus pés podem agüentar. Neste momento, uma certa tranqüilidade toma conta de mim. A estrada permanecerá alí, imóvel como estou agora.
O primeiro passo deverá ser meu.